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OLIMPISMO

 

Para Pierre de Coubertin o Olimpismo era um projeto de transformação do mundo. Mas um projeto que ele sabia

estar em transformação contínua como a própria sociedade estava. Por isso, para além do desporto e da educação

a questão de fundo do Olimpismo era a cultura. E era a cultura porque era política.

 

Não podia ser de outra maneira. A ideia da restauração dos Jogos Olímpicos ocorreu entre guerras. Primeiro as

Guerras Napoleónicas (1799-1815) que opuseram a grande maioria das nações europeias. Depois, veio a Guerra

Franco-Prussiana. Em setembro 1870, Napoleão III foi obrigado a capitular na batalha de Sedan (1/9/1870) perante

os exércitos alemães comandados por Bismarck.

 

Por isso, o Congresso Olímpico que instituiu o COI a 23 de junho de 1894 foi convocado com os seguintes objetivos:

          - Conservar no desporto o seu caráter nobre e cavalheiresco;

          - Lutar contra o profissionalismo que ameaçava os amadores;

          - Instituir as lutas pacíficas e corteses que eram consideradas o melhor dos internacionalismos.

 

Contudo, muito embora a questão que tomou conta do Congresso tivesse sido a do estatuto de amador, o que é facto é que, no espírito de Coubertin, tratava-se de determinar os limites à competição que devia ser nobre e cavalheiresca a fim de, através da institucionalização mdos Jogos Olímpicos, deslocar para os campos de jogos a competição belicista que tinha massacrado as nações europeias nos campos de batalha. E Coubertin nas suas memórias refere os “jogos” que foi obrigado a fazer para sentar à mesma mesa membros do COI oriundos de nações que se tinham digladiado nas Guerras Napoleónicas e na Guerra Franco-prussiana e  já se preparavam para tecerem armas nas duas Grandes Guerras do século XX.

 

Do tempo de Pierre de Coubertin o Movimento Olímpico (MO) era constituído por três pilares fundamentais, a saber:

          - A educação;

          - O desporto;

          - A cultura.

 

A partir de dos anos noventa devido às eventuais agressões que a realização dos Jogos Olímpicos podia provocar no ambiente foi acrescentado um novo pilar o do ambiente.

 

Mais recentemente com Jacques Roge surgiram os pilares do desenvolvimento e da paz:

          - O desenvolvimento porque o Olimpismo é uma filosofia de vida que coloca o desporto ao serviço do desenvolvimento humano;

          - A paz porque, desde as suas Origens, a a realização dos Jogos Olímpicos foram um pretexto para instituir a Paz Olimpica.

 

Hoje podemos dizer que o MO assenta em seis pilares fundamentais:

          - A educação;

          - O Desporto;

          - A Cultura;

          - O Ambiente;

          - O Desenvolvimento;

          - A Paz.

 

A EDUCAÇÃO

 

Coubertin entendia que o Olimpismo, através do desporto, promovia, por via da educação, uma cultura competitiva, mas não uma qualquer competição, na medida em que o devia fazer no respeito pelos seus princípios e valores. Não era qualquer competição que podia interessar ao Movimento Olímpico.

 

Coubertin considerava Thomas Arnold um “génio da educação. Ele foi diretor da Escola de Rugby de 1828 a 1842. Ficou conhecido pelas suas reformas pedagógicas, que atribuíam ao desporto um caráter de seriedade no processo educativo ao assegurarem ao aluno o pleno desenvolvimento da sua individualidade num constante gosto de luta pela superação, amat victoria curam – que quer dizer: a vitória ama o esforço. Como refere George Rioux (1986), Coubertin tinha na sua biblioteca o livro de Emena Worboise intituladoThe Life of Dr. Arnold, uma edição de 1885. Ele admirava os métodos pedagógicos de Arnold centrados numa psicologia da educação, que tornava cada um responsável pelo seu poder criativo, a sua própria educação moral, o direito à decisão, através de uma prática desportiva enquanto preparação essencial para a vida.

 

A admiração de Coubertin por Thomas Arnold era de tal ordem que, no princípio de 1889, dedicou um livro, prefaciado por Jules Simon e intitulado l'Éducation Anglaise en France à figura de Arnold, que para ele era um homem genial que descobriu a maneira de fazer do desporto “uma fonte incomparável de aperfeiçoamento pedagógico transformando os campos de jogos em laboratórios metodológicos da "virilidade nascente". Arnold, sem discursos e proclamações, mas tão-somente pelo seu exemplo, tornou-se, nas palavras de Coubertin a pierre angulaire de l’empire britannique. Assim sendo, quando, em 1887, Coubertin visitou Inglaterra e tomou contacto com o ensino do desporto das escolas públicas, percebeu imediatamente que se estava na eminência de uma mudança de paradigma centrada na responsabilização pessoal dos alunos, que teve a oportunidade de descrever numa conferência sobre educação inglesa e, posteriormente, num livro.

 

Hoje, de acordo com o segundo princípio da Carta Olímpica: “O objetivo do Olimpismo é o de colocar o desporto ao serviço do desenvolvimento harmonioso da pessoa humana em vista de promover uma sociedade pacífica preocupada com a preservação da dignidade humana”.

 

 

O DESPORTO

 

Para Coubertin o desporto era um instrumento político ao serviço do Olimpismo e do desenvolvimento humano. Os processos podiam ser educativos, mas os fins eram profundamente políticos. Como tal, o desporto devia ser um instrumento de desenvolvimento que o projetasse acima do próprio desporto. Quer dizer, o desporto tinha de ter objetivos para além de si próprio a fim de cumprir a sua missão social. E, em fevereiro de 1910, num texto intitulado “O Desporto e a Moral”, Coubertin explicou:

… o desporto não é senão um adjuvante indireto da moral. Para que ele se torne um adjuvante direto, é necessário que se lhe atribua um objetivo refletido de solidariedade que o eleve acima dele mesmo. É esta a condição sine qua non de colaboração entre o desporto e a moral.

 

A Cultura

 

A dimensão agonística da sociedade grega visava ultrapassar uma visão pessimista e decadente pela constante superação das tensões entre os homens, com o objetivo de proclamar a excelência humana na sua verdadeira beleza e glória, através da afirmação de uma perspetiva positiva da vida consubstanciada no jogo competitivo em busca da superação e da excelência. Nietzsche expressa este sentimento do jogo da luta n’“A Filosofia na Idade Trágica dos Gregos” quando afirma que “o mundo é o jogo de Zeus”. Ao fazê-lo, atribuiu ao jogo uma dimensão ontológica num sentido eminentemente positivo da vida que sai reforçado ao afirmar que “não é a perversidade, mas o impulso do jogo sempre despertando de novo que chama outros mundos à vida”. Assim sendo, o jogo que caracteriza a cultura de competição da Grécia Antiga, no discurso de Nietzsche, tem a mesma dimensão semântica das palavras luta, combate, querela, disputa oudiscórdia em busca da excelência que encontramos no discurso de Pierre de Coubertin. Quando a criança liga, junta, constrói, brinca e disputa segundo uma lei que lhe confere uma ordem intrínseca, ela prepara a vida.

 

O AMBIENTE

 

Num artigo publicado em 1907 sob o título de “A propos des rallyes”, Coubertin mostrou as suas preocupações relativas à defesa do ambiente. Segundo os critérios de hoje em que vemos a ambição e a estupidez humanas a destruir a natureza através do desporto e dos grandes eventos desportivos, as preocupações de Coubertin surgem-nos envoltas numa certa ingenuidade. Ele referia-se à poluição dos pedaços de papel usados ​​deixados pelos espetadores e atletas que participavam nos ralis-papers.

 

No que diz respeito aos espetadores Coubertin entendia que não havia outro remédio senão a educação. Quanto aos desportistas Coubertin propunha soluções expeditas que impedissem os desportistas participantes nos ralis de deixarem papel nos locais das provas.

 

No mundo do desporto as verdadeiras preocupações ecológicas respeitante à utilização da natureza pelos desportivas só começaram a surgir depois da II Grande Guerra a partir das comunidades de surfistas  constituídas por antigos soldados entretanto desmobilizados

 

O DESENVOLVIMENTO

 

Hoje, de acordo com o segundo princípio da Carta Olímpica: “O objetivo do Olimpismo é o de colocar o desporto ao serviço do desenvolvimento harmonioso da pessoa humana em vista de promover uma sociedade pacífica preocupada com a preservação da dignidade humana”.

 

Para Coubertin o desporto era um instrumento político ao serviço do Olimpismo e do desenvolvimento humano. Os processos podiam ser educativos, mas os fins eram profundamente políticos. Como tal, o desporto devia ser um instrumento de desenvolvimento que o projetasse acima do próprio desporto. Quer dizer, o desporto tinha de ter objetivos para além de si próprio a fim de cumprir a sua missão social. E, em fevereiro de 1910, num texto intitulado “O Desporto e a Moral”, Coubertin explicou:

… o desporto não é senão um adjuvante indireto da moral. Para que ele se torne um adjuvante direto, é necessário que se lhe atribua um objetivo refletido de solidariedade que o eleve acima dele mesmo. É esta a condição sine qua non de colaboração entre o desporto e a moral.

 

A PAZ

 

No Congresso de 1894 que instituiu o Comité Internacional dos Jogos Olímpicos não foi fácil a Coubertin cortar com os arquétipos da EF que estavam e, por incrível que possa parecer, ainda estão no espírito de muita gente, por isso, no Congresso de 1892, Coubertin iniciou o seu discurso com cuidados reforçados, começando por dizer que a cultura contemporânea estava “impregnada de helenismo”. Depois, cuidadosamente, contra os discursos que à época corriam a partir dos prosélitos das escolas de EF, afirmou que o desporto era uma atividade educativa e harmoniosa que tornava a sociedade melhor. E concluiu com a seguinte exortação:

…exportemos os remadores, os corredores, os esgrimistas: eis o futuro da liberdade de troca em que será introduzida nos costumes da Europa e a causa da paz receberá um novo e possante apoio.

 

Portanto, Coubertin tinha da ideia olímpica uma visão coletiva conduzida mais pela força do espírito e das ideias do que pela força dos músculos, na medida em que, para ele, o desporto era um instrumento de promoção da paz.

 

 

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO OLIMPISMO - RESUMO

 

1. O Olimpismo é uma filosofia de vida que exalta e combina de forma equilibrada as qualidades do corpo, da vontade e do espírito. Aliando o desporto à cultura e educação, o Olimpismo é criador de um estilo de vida fundado no prazer do esforço, no valor educativo do bom exemplo e no respeito pelos princípios éticos fundamentais universais.

 

2. O objectivo do Olimpismo é o de colocar o desporto ao serviço do desenvolvimento harmonioso do Homem em vista de promover uma sociedade pacífica preocupada com a preservação da dignidade humana.

 

3. O Movimento Olímpico é́ a acção, concertada, organizada, universal e permanente, de todos os indivíduos e entidades que são inspirados pelos valores do Olimpismo, sob a autoridade suprema do COI. Estende-se aos cinco continentes e atinge o seu auge com a reunião de atletas de todo o mundo no grande festival desportivo que são os Jogos Olímpicos. O seu símbolo é constituído por cinco anéis entrelaçados.

 

4. A prática do desporto é um direito do homem. Todo e qualquer indivíduo deve ter a possibilidade de praticar desporto, sem qualquer forma de discriminação e de acordo com o espírito Olímpico, o qual requer o entendimento mútuo, o espírito de amizade, de solidariedade e de fair play. A organização, administração e gestão do desporto devem ser controladas por organizações desportivas independentes.

 

5. Toda a forma de descriminação relativamente a um país ou a uma pessoa com base na raça, religião, política, sexo ou outra é incompatível com a pertença ao Movimento Olímpico.

 

6. Pertencer ao Movimento Olímpico exige o respeito da Carta Olímpica e o reconhecimento pelo COI.

EMBLEMA DOS JOGOS OLÍMPICOS - SIMBOLOGIA DOS ANÉIS OLÍMPICOS

 

O símbolo dos Jogos Olímpicos é composto por cinco anéis entrelaçados, com as cores azul, amarelo,

preto, verde e vermelho sobre um fundo branco. Este foi originalmente concebido em 1913 pelo Barão 

Pierre de Coubertin, fundador dos Jogos Olímpicos modernos.

 

"O emblema foi escolhido para ilustrar e representar o Congresso mundial de 1914: cinco anéis

entrelaçados com cores diferentes - azul, amarelo, preto, verde e vermelho - são colocados no campo

em branco do papel. Esses cinco anéis representam as cinco partes do mundo, que agora são

conquistados para Olimpismo e dispostas a aceitar uma concorrência saudável."

                                                                                             Pierre de Coubertin após a introdução do símbolo, 

                                                                                                 em agosto de 1913, edição da Revue Olympique

 

As cores utilizadas nos cinco anéis da bandeira foram escolhidas e representadas por Coubertin devido a frequência em que aparecem nas bandeiras das diversas nações no mundo. Pelo menos uma das demais cores está presente em cada bandeira, dessa forma, além de simbolizar a união dos cinco continentes, integra todos os países, fornecendo um sentido universal para as Olimpíadas. Cada anel representa um continente, sendo o anel azul correspondente a Europa, o anel amarelo a Ásia, o preto a África, o verde a Oceania e o vermelho a América.Eles tambem participam de outras provas com:a tocha olimpica.

 

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