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PRINCÍPIOS DO TREINO

 

O Treino consiste num conjunto de estímulos (exercícios ou sessões) organizados, planeados e realizados, ao longo do tempo, com o objetivo de elevar o nosso desempenho numa determinada atividade. Consoante as características que pretendemos desenvolver, podemos falar de treino “físico”, “técnico”, “táctico”, “psicológico"...

 

Quando falamos em Processo de Treino, falamos num conjunto de fatores que se devem conjugar para a elevação da “performance”. Para isso, é necessário planear a sessão de treino, adequando o tipo e o nível do esforço ao nosso objetivo. Paralelamente, também é necessário (e igualmente importante) planear a recuperação! E este é um pormenor que é frequentemente esquecido. A recuperação tem de ser levada em conta, de forma a que a nova sessão de treino se realize no momento certo: nem antes de conseguirmos recuperar do treino anterior, nem depois dos efeitos desse treino se terem perdido.

 

Os Princípios fundamentais do treino ou “leis” do treino são um conjunto de pressupostos, comprovados cientificamente, em que se baseiam os meios e métodos de treino que actualmente se desenvolvem. Eles são uma espécie de “Constituição” a partir da qual desenvolvemos um “Código Legal” do treino.

 

Existem algumas variações entre autores, mas o essencial é o seguinte:

 

- Princípio da Continuidade – para que se processem adaptações que conduzam a uma melhoria da capacidade física, é necessário que os estímulos fornecidos ao organismo através do treino aconteçam regular e repetidamente, com uma periodicidade que é determinada pela adaptação pretendida. A obrigatoriedade da continuidade do processo de treino deve-se a um processo denominado “super-compensação”, que consiste no aumento de uma determinada capacidade (em relação ao nível anterior ao estímulo), após um período de recuperação. Se não houver continuidade e deixarmos o fenómeno de super-compensação regredir, perdemos os benefícios do treino anterior.

 

- Princípio da Progressão ou Sobrecarga – esta fase “super-compensatória” deve então (normalmente) aproveitar-se para a aplicação de um novo estímulo que pode (e normalmente deve) ser mais intenso. A super-compensação permite assim que a “carga de treino” aumente progressivamente e, com ela, a capacidade física. Se se mantiver inalterada a carga de treino, chegamos a um ponto em que o esforço que realizamos já não é suficiente para provocar novas adaptações (porque o nosso organismo já se adaptou a ele) e deixamos de evoluir.

 

Durante o treino o organismo é colocado em situação de responder às exigências dos estímulos impostos cujos efeitos obedecem a uma escala:

          - Os estímulos de intensidade fraca não produzem consequências;

          - Os estímulos de intensidade média causam excitação sem provocar adaptação;

          - Os estímulos de intensidade forte ocasionam processos de adaptação psicofisiológicos necessários para melhorar as capacidades;

          - Os estímulos demasiado fortes podem provocar danos no organismo.

 

- Princípio da Ação Retardada -  Existe um desfasamento temporal entre a aplicação da carga e o momento em que se estabelece o correspondente processo de adaptação. Isto significa que o corpo não se modifica estrutural e funcionalmente durante o treino. Devemos deixar que o corpo recupere e proceda às adaptações necessárias em resposta ao estímulo imposto.

 

- Princípio da Reversibilidade – o treino provoca adaptações, mas estas não se mantém no tempo após a interrupção do processo. Podemos dizer que as alterações a nível local (celular e tecidual) demoram algumas semanas a acontecer e também não se mantêm por mais do que algumas semanas. As adaptações “centrais” (a nível cardíaco, pulmonar, etc.) demoram mais tempo a formar (um ou mais meses) e também permanecem durante mais tempo após a interrupção do treino. A reversão destas adaptações ao esforço, tal como o seu aparecimento, acontece de forma gradual.

 

- Princípio da Individualização – o processo de treino, tal como qualquer processo de adaptação, é um processo muito individualizado, obtendo resultados extremamente diversos de atleta para atleta e de actividade para actividade. O motivo destas diferenças prende-se com factores genéticos e/ou biológicos e com as vivências anteriores de cada indivíduo.

 

- Princípio da Especificidade – É também importante recordar que o treino de uma determinada qualidade física não acarreta obrigatoriamente melhorias nas restantes. Isto acontece devido aos diferentes processos bioquímicos envolvidos. Para além disto, o treino efectuado com um tipo de exercício (como por ex.: a corrida) não implica melhorias equivalentes em outros exercícios (como por ex.: o ciclismo ou a natação), mesmo que se trabalhem as mesmas qualidades físicas. Neste caso, as diferenças ficam a dever-se essencialmente à especificidade do movimento, que recruta diferentes grupos musculares (e em proporções também diferentes) de exercício para exercício.

 

De acordo com com alguns autores, existem ainda outros princípios, também eles importantes:

 

- Princípio da Heterocronia - O efeito retardado do exercício de treino é determinado pela sua identidade. 

          -Mais intenso - efeito mais rápido - menos durável o seu efeito.

          -Menos intenso - aplicação mais longa - mais durável o seu feito.

 

- Princípio da Ciclicidade:  A repetição sistemática do exercício ao longo do processo de treino rege-se por ciclos sucessivos onde os conteúdos do treino se repetem em parte, alteram-se a forma, os meios e os métodos.

 

- Princípio da Multilateralidade:  O rendimento numa determinada modalidade desportiva, não se baseia apenas na sua prática específica. O organismo é um todo, o desenvolvimento de uma capacidade, não pode acontecer isoladamente do seu desenvolvimento das outras capacidades.

 

Existem também alguns princípios, estes de natureza pedagóca, que devem ser considerados aquando da definição de um qualquer plano de treino:

 

- Princípio da Sistematização: A repetição sistemática do exercício de treino . A organização e progressão dos conteúdos associados aos exercícios.

 

- Princípio da Atividade Consciente: Empenho consciente nas tarefas de treino e nos objetivos, é  condição indispensável para obtenção de  elevados resultados.

 

Princípio da Atividade Apreensível : Compromisso entre a complexidade da tarefa e a capacidade do praticante. Do simples para o complexo e do  concreto para o abstrato.

 

- Princípio da Estabilidade:  Toda via para que o exercício de treino tenha êxito é necessário que os praticantes passem por  um ciclo de aquisição, estabilização, e o desenvolvimento, sem o qual a capacidade de rendimento será irremediavelmente equacionado.

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